Pancake Rocks e sua serenidade construtiva

26/07/2020

Um caminho à beira mar oferece um passeio pela serenidade.

O nome é intrigante e a paisagem não pode ser vista da estrada. Mas um grande estabelecimento, o Pancake Rocks Cafe, não deixa margem a dúvidas. Meio ridículo, mas confesso que estava com vontade de comer pancakes. E a vontade foi recompensada por um cardápio bem amplo, que permitia aquelas misturas de doce com salgado ao alcance da criança gulosa e arteira que vive em mim. 

"Fome" resolvida, era tempo de me embrenhar pela trilha que logo se transformou numa passarela aproximando-se da obra que vem sendo aperfeiçoada, há milhões de anos, pela natureza.

Grupos de turistas passaram por mim. A paz do lugar não dava espaço para muito ruído e eles se apressavam, provavelmente se perguntando o que faziam ali. Alguns poucos seguiam como eu, vagarosamente, respirando a serenidade barulhenta das ondas do mar esculpindo as rochas. Mas não havia entendido, ainda, a técnica desse artesão, até que uma baby escultura me chamou a atenção. Num ir e vir, a maré a castiga fortemente por baixo, e vai corroendo-a (filmei, mas não consegui incluir o vídeo aqui).

Contemplar o movimento contínuo e repetitivo me leva a pensar na impaciência nos processos de mudança, quando o que se busca é uma nova e sólida edificação. Buscar minha leveza eram as ondas de 90 dias maravilhosos na Nova Zelândia, dia nublado após dia nublado, determinação renovada a cada momento em que respirava profundamente, apreciando a simplicidade, lixando com carinho e cuidado o que encontrava pontiagudo em mim.  

Na parte final do caminho encontrei cartazes. Lembrei-me, então, que havia aprendido que a Nova Zelândia tem 3 línguas oficiais, sendo obrigatório que qualquer comunicado escrito em inglês seja duplicado em māori. Quando oral, acrescenta-se a terceira língua, libras.

Procurei capturar o máximo possível a serenidade do lugar, enquanto retornava para só mais um dia na costa leste. Meu tempo na ilha sul estava terminando e uma pequena ponta de tristeza acompanhava esse pensamento. Onde mais eu teria o privilégio de encontrar tantas nuvens quando buscasse o sol? 


Autor do artigo
Tania Paris