Paihia, na Bay of Islands

08/11/2020

Cheguei a Paihia impregnada de "meu tempo na Nova Zelândia está se acabando" e cheia de dúvidas sobre como aproveitá-lo devidamente. Era a primeira vez que a ansiedade tomava espaço na contemplação. Percebi mais fortemente quando tive dificuldade em encontrar hospedagem e isso me preocupou. Que droga! Exatamente porque dispunha de poucos dias, eu precisava reter o aprendizado da lentidão, e do culto aos dias nublados. 

Esses pensamentos me recolocaram nos trilhos. Eu estava numa das cidades que dá acesso à Bay of Islands, sem muitas informações. Vi cartazes mil anunciando passeios de barco. Dirigi-me a uma das agências e já ia perguntar sobre a região quando o rapaz atirou primeiro: "para quais ilhas você quer ir?". "Ilhas?". "Sim, ilhas. Se você veio aqui é porque quer ir para ilhas, não é mesmo?". Bem... e foi assim que vesti o desejo que ele elaborou pra mim...rsrs

Não pretendia passar mais de um dia por ali, porque estava criando coragem para dirigir até o extremo norte da ilha e, claro, descer depois toda aquela distância até o aeroporto de Auckland. Então, comprei um passeio para conhecer uma ilha só, e o "hole in a rock", no dia seguinte. Eu deixaria o hotel, embarcaria no passeio e, na volta, pegaria a estrada até o anoitecer.

Naquele fim de tarde vaguei pelo lugarejo, pequeno, uma fofura.

Na manhã seguinte peguei o barco como uma turista entre tantos outros. Estranho. Eu não estava turista na Nova Zelândia, mas aquilo era definitivamente um passeio turístico. Tive que me aquietar e despir meus preconceitos para aproveitar a paisagem. E... que paisagem! O mar tinha tons variados de azul, o que adoro, e as rochas eram intrigantes. 

O buraco prometido foi, sim, uma atração à parte. Num dos lados se reuniam embarcações que pacientemente esperavam as outras adentrarem o túnel natural na rocha. A passagem tem que ser feita sob certas condições de mar/maré e gera ondas, de forma que a espera não é como uma fila indiana com um passando imediatamente após o outro.  

Na volta, uma parada na ilha mais próxima, com direito a aperitivos contemplando o mar.

Na chegada, refletindo sobre aprender a superar esse preconceito e já decidida a tentar ir até Cape Reinga, apressei-me a descer da embarcação... na cidade errada!

Bay of Islands tem diversos pequenos vilarejos em sua borda, relativamente parecidos, e lá estava eu precisando de um transporte para o local onde estacionara meu carro, a meia hora dali. Taxi boat, e saída para norte, no velho e amado estilo de rir com os erros e sorver o que vier. Afinal, mais de um mes de dias nublados tinha que ter deixado um precioso legado, não é?


Autor do artigo
Tania Paris