lago Wanaka, irretocável

12/07/2020

A mudança da luz do céu estampa uma série de cenários em Wanaka, dificultando escolher o preferido.

Eu tinha acabado de sair de Queenstown, onde a paisagem é semelhante, mas o ritmo completamente diferente. Lá o todo é bonito, o individual desaparece. Praia de lago, famílias tomando sol. Cais animado com embarcações de passeio e agito à noite. Sorvete mesclado de papo com amigo. Mesas de poker que mudam de bar e aceitam copos molhados de chopp sobre elas... outrora inadmissível contravenção.

Era fim de tarde quando cheguei a Wanaka e a pessoa que me atendeu no check in perguntou se eu iria ver a árvore. Que árvore? Então, ela explicou-me que aquela árvore era um dos pontos mais fotografados da Nova Zelândia. Por que? O que tem de especial nessa árvore? E ela me disse, sem inibições, que não havia nada de especial nela; era só uma árvore dentro do lago.

Como estava próximo ao entardecer, decidi correr até lá. Foi fácil encontrá-la. Pontos muito fotografados podem ser reconhecidos pela quantidade de orientais que apontam suas câmeras para eles...

E lá estava ela, uma árvore como qualquer outra; aliás, mais frágil do que a maioria das outras. Haviam placas educativas, do departamento de conservação, informando que essa tem mais de 50 anos de idade e pode morrer facilmente se as pessoas treparem nela. Então, eles delicadamente nos fazem entender que temos muito o que fazer ali, além de subir na árvore e pedem a contribuição na preservação da mesma.

De fato, o lugar serve como teste oftálmico. Para onde quer que se "estique" a vista, há motivos para esticar mais - a cordilheira soberana ao fundo, a água plácida que vai muito além do que dá para enxergar, o vilarejo gracinha dando um toque de civilização, a praia de pedras, o bosque com bancos rústicos, a serenidade emudecendo os pensamentos.

A árvore do lago Wataka estava intocada, perfeita em sua simplicidade; talvez para lembra-me de que coisas simples podem ser irresistíveis quando preservam sua singularidade. Ela não precisa ser nada além dela mesma e é isso que a torna tão especial. 

Autor do artigo
Tania Paris